Chaminés / Herança Árabe
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Uma das grandes riquezas patrimoniais da vila de Mourão são as dezenas de chaminés mouriscas que lhe permitem apresentar uma arquitectura urbana bastante singular e distinta das povoações vizinhas. No "Inventário Artístico do Distrito de Évora", Túlio Espanca chama-lhes "pitorescas chaminés de fuga cilíndrica", assinala a sua edificação nas construções civis de feição popular e sublinha o seu carácter "'absolutamente diferenciado das do Alto Alentejo" aproximando-se mais das tradicionais chaminés algarvias.
A origem árabe destas chaminés assenta na tradição popular não existindo qualquer fonte histórica que o permita confirmar. Os desenhos panorâmicos de Mourão publicados no “Livro das Fortalezas” de Duarte de Armas, no início do século XVI, não nos mostram qualquer chaminé com estas características o que, em todo o caso, poderá apenas significar que estas construções não mereceram a atenção do autor. Independentemente da sua origem, a paisagem urbana de Mourão é hoje marcada por estas 'chaminés cilíndricas, as maiores das quais com três metros de altura e um diâmetro de um metro, outras um pouco menos imponentes. “Pode afirmar-se que o seu tamanho era também uma representação do estatuto social de quem a mandava edificar. Ainda hoje se vêm em Mourão duas chaminés numa mesma casa, uma casa abastada para a época", aponta Regina Branco na âmbito de um trabalho efectuado no Departamento de História da Universidade de Évora.
Por regra, a chaminé, cuja abóbada era construída em ladrilhos de barro unidos com cal e gesso, ocupava um lugar de relevo no interior da habitação. Situada geralmente na entrada da casa, a sua grande dimensão permitia-lhe outras funções para além das habituais, sendo um espaço de convívio entre os moradores e um local adequado para receber os visitantes.
Castelo de Mourão
Palco de diversas guerras entre cristãos e muçulmanos, conheceu despovoamento até à instalação dos freires da Ordem de S. João de Jerusalém. Deve-se ao prior Gonçalo Egas a primeira acção de repovoamento bem como a construção ou reconstrução da fortaleza. Julga-se ainda ter este prior outorgado o primeiro foral de Mourão, em 1226.
Não sabemos em que estado estaria esta fortaleza em finais do século, mas terá sido o monarca D. Dinis quem, em 1298, dois anos corridos após a confirmação do foral, aí teria construído um castelo com três torres.
Durante a crise de 1383-1385 o castelo, ponto avançado na defesa da fronteira, desempenha um papel de destaque ao lado do Mestre de Avis. A sua posição de charneira, no extremo oriental português e ocidental espanhol, justificariam as avultadas verbas despendidas nas obras de restauro e remodelação que el-rei D. Manuel encomendou aos arquitectos Diogo e Francisco de Arruda, mestres das obras régias da comarca de Antre-Tejo e Odiana.
Mourão adere a Filipe II de Espanha em 1580, atitude redimida por Pedro Mendonça Furtado durante a Guerra da Restauração, mas que custaria graves prejuízos à população e ao castelo pelos sucessivos ataques de que foi alvo. Traçou-se então uma nova linha de fortificações da autoria do francês Nicolau de Langres. Da fortificação seiscentista, que englobava quatro baluartes, revelins, fosso, alçapões e atalaias, restam poucos vestígios.
A muralha medieval é construída num curioso aparelho que reúne três materiais diferentes - o xisto, o mármore e o granito. As portas, flanqueadas ou abertas em poderosos torreões, são, por vezes, de arco ogival e apresentam decoração gótica. As remodelações do século XVII dizem respeito aos baluartes, nos quatro ângulos da muralha, e aos revelins, em frente das cortinas. No interior da cerca subsistem ainda vestígios da antiga vila, da Casa do Guarda e dos velhos Paços do Concelho.
O castelo é cintado por seis torres quadrangulares, dentre as quais sobressai a torre de menagem com porta a abrir para o pátio da praça, de construção gótica.
Igreja Matriz
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A imagem de Nossa Senhora, conhecida como Nossa Senhora das Candeias ou da Purificação, sobreviveu a três reconstruções da igreja. A imagem é esculpida em calcário policromado e guardada num oratório de vidraças e de talha dourada, do estilo rococó. A actual igreja foi construída por despacho do príncipe regente D. Pedro, em carta datada de 20 de Fevereiro de 1681. Sofreu avultados estragos em consequência do terramoto de 1755, depois corrigidos.
Igreja de São Francisco
Esta Igreja foi construída no reinado de D. João V. No seu interior, muito simples, destacam-se o púlpito, construído em xisto e a azulejaria da Real Fábrica de Lisboa, de finais do século XVIII, reproduzindo imagens de alguns patriarcas da Ordem de S. Francisco além de Santa Margarida de Cartona e de S. Luís, Rei de França. Exemplo de arquitectura barroca.
Igreja da Misericórdia
A construção da Igreja deve-se, provavelmente, à acção de Gomes Freire de Andrade, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Mourão. A fachada de mármore data de 1743. No seu interior, destaca-se o retábulo de talha dourada e policromada, considerado como uma nítida influência da arte espanhola.
Ermidas
A Ermida de Nossa Senhora dos Remédios é actualmente utilizada como capela funerária. Esta ermida é muito antiga e em 1776 é autorizado por D. José I uma nova fundação do templo e o entronizamento da imagem de Santa Susana.
A Ermida de S. Sebastião era célebre pelas suas festas e romarias de Janeiro.
A Ermida de S. Pedro dos Olivais está situada no alto de São Pedro junto ao Grande Lago do Alqueva. A romaria celebra-se na segunda-feira de Páscoa.
Destinada a acolher o Museu de Arte Sacra de Mourão, a Ermida de S. Bento, popularmente conhecida como de Nossa Senhora do Alcance, por ali ter acolhido algumas imagens do extinto convento com o mesmo nome, já existia em 1613.
Passos do Senhor
Modestas estações da venerável Irmandade do Senhor dos Passos construídas em xisto nos finais do século XVII, após os sacrifícios impostos pela Guerra da Independência. Distribuem-se segundo o itinerário tradicional da procissão realizada anualmente.
Jardim Municipal
Situado no centro da Vila, a harmonia da flora existente com os casarias brancos, e a profusão de chaminés mouriscas, tornam esta original praça arquitectónica merecedora de atenção. Parque de Merendas / Parque de São Bento, Zonas de lazer e convívio onde pode desfrutar da paisagem Alentejana.